EU VEJO O SOL
E um campo nem magenta nem fogo engloba uma cena na qual distanciamento e devir claudicam e nela é como se a representação dessas duas abstrações, falo e cigarro, soassem como uma ode ao onanista, que em sua repetição da forma, nos levam à figuração e então ao reconhecimento, como manhã que traz luz aos nossos olhos, embora, paradoxalmente, saibamos que é exatamente sobre os nossos sexos que ela nunca toca. É como se todos aqueles paus de Vestonic? , lá, também chamados de Vênus, aqui nos entregassem seu calipígio, sob duas pinceladas tornadas lua, e uma floresta consagrada a alguma deusa nos apresentasse a iminente presença de um after para uma festa da qual nem ao menos nos lembramos como chegamos em.
Presos estamos nesse Idálio, testemunhas de um corpo cujo sexo se apresenta claro e firme, mas cuja identidade se diluí talvez na impossibilidade já supracitada de que as duas abstrações que possui em suas mãos sejam una, talvez por uma dimensão bruta de existência que cinge tal corpo, talvez pela cada vez maior necessidade que as relações postulam sobre ele a respeito da sua representação. Porém a espera pelos libidinosos pardais não cessa.
Eu vejo o sol, e um campo nem magenta nem fogo engloba uma cena na qual uma sonoridade como de 1000w ressoa uma póstuma frase de Nietzsche: … deita rosas no abismo e diz: “aqui está o meu agradecimento ao monstro que não me conseguiu engolir”, e então é como se fosse manhã outra vez e então só há uma abstração.
Guilherme Teixeira
Glossário
– Claudica: Que vacila, tropeça;
– Onanista: Aquele que pratica a masturbação incessantemente;
– Vestonic?: Referente à Dolní Vestonic?, aldeia na República Tcheca onde foram encontradas diversas representações femininas chamadas pelos pesquisadores de “Vênus”;
– Calipígio: Referente à nádegas formosas; Vênus Calipígia;
– Idálio: Cidade no Chipre, e também nome de um monte, ambos conhecidos por seus cultos de adoração a Afrodite; ‘Idálio’ vem da expressão em grego “eu vejo o sol